Quando nasce um pai? Não tenho a menor ideia. Esse espaço não é um espaço de respostas então na verdade nem me envergonho de não saber responder.
Para escrever esse texto, tentei buscar na memória quando na minha história de vida, ao menos espreitei o assunto. Só consegui me lembrar de quando tive um amigo - na verdade um colega de trabalho que se tornou um amigo - que era muito jovem e que morava com a namorada, que estava grávida. Ganhávamos pouco trabalhando em um callcenter no Rio de Janeiro e sempre que eu tinha vontade de comprar alguma coisa e o dinheiro não dava, me lembrava dele, de como devia ser difícil ter um filho tão jovem e ganhando tão pouco. Quando ele me contou o preço da fralda então, aí definitivamente me dei conta da situação.
Então acho que minha primeira relação com a paternida como algo próximo do que imagino hoje, foi quando experimentei esse sentimento de cuidado, provocado em mim por esse colega. Tive meu pai e meus avós por perto, de onde assisti uma paternidade presente, cada um a seu modo, mas é um olhar diferente. Acho que a gente passa a entender melhor a paternidade depois de virar a chave para pai. Até então somos só filhos e netos que mais cobram e criticam, do que compreendem.
Mas voltando à pergunta, acho que passei a me sentir pai depois da notícia da gravidez. Algo mudou em mim depois dequele exato momento. Passei a ter pensamentos diferentes, diversos, que passeiam por lugares que nunca tinha visitado antes. Um excesso de cuidado ('excesso' aqui é uma maneira de dizer porque nem sei se é de fato um excesso) com a mãe, um excesso de preocupações, uma mistura de ansiedade e felicidade. Perguntado por um amigo sobre o que sentia, não soube dizer. Acho que no início a gente sente mas não dá para nomear muito bem.
Partindo para uma contextualização histórica, a paternidade mais parecida com a que temos hoje, chamada de Paternidade Moderna, começa por volta de 1880 e vai até cerca de 1970. Nessa época, os homens em sua maioria, trabalhavam fora por longos períodos e a criação dos filhos era delagada às mães.
Foi nessa época que surgiu o termo "pais efetivamentes ausentes", onde os pais ou eram completamente ausentes ou então se apresentavam menos na rotina dos filhos e quando se apresentavam, era de uma maneira romântica: principalmente os pais de filhos homens, muitas vezes usavam os finais de semana para brincar ou sair com o filho para passear, sempre com atividades que envolviam mais o universo masculino. Não se pode dizer que essa participação fosse assumir a criação do filho.
Comigo, que nasci entre 80 e 90, foi mais ou menos assim. Fui o primeiro filho de um casal cheio de dificuldades financeiras, de uma pequena cidade do interior, no modelo conservador e paternalista, considerando o provedor como a autoridade da casa. Minha mãe pegava no pesado na criação e meu pai assumia o sustento. A ele cabia não deixar faltar alimento em casa, mas a educação era outro departamento. Me lembro do meu pai brigando com minha mãe quando fazíamos (nós, os filhos) alguma coisa errada mas não falava com a gente. Ou seja, ele achava que nosso comportamento era uma responsabilidade dela. Esse e outros comportamentos estranhos da criação da época só consigo ver com esse distanciamento agora. Antes era assim, e ninguém via nada de errado nisso. Meus primos, amigos, vizinhos, praticamente todos criados assim.
Olhar para minhas experiências enquanto filho e querer aprender com elas para ser um bom pai para minha flha, é evoluir. Pelo menos penso dessa forma. É o que eu espero, além de poder compartilhar com vocês aqui, um pouco dos desafios dessa trajetória, que já começou e está linda! Ana ainda não nasceu, mas já sou pai, e um pai bastante presente e atuante. Quero aprender muito e estou muito empenhado e muito feliz.
Obrigado pela leitura! Se gostou, compartilhe!
Muito legal..
ResponderExcluirÉ normal a ansiedade principalmente com os pais devido a espera ser longa,principalmente quando descobre bem no príncipio.
Lembro que Gleisson ficava contando os dias e perguntava sempre qual data seria, até o dia que marcamos a cesárea. E tão lindo que só nasce o pai dentro de vcs quando vcs o colocam no colo e os seus olhares se encontram,naquele momento vc vai dizer minha responsabilidade Deus me honrou ,vou cuidar porque não existe amor maior se tem ele guardou pra ele. É ISSO,VOCÊ SO VAI DESCOBRIR COM A CHEGADA DA ANA.
Oi Lé, que bacana compartilhar com a gente essa experiência de vocês com a Clarinha! Obrigado viu!
ExcluirBom tê-la nesse espaço!
Vonte sempre, e pode trazer o Yoggy e a Clarinha!
Beijo!
Como estou feliz com a notícia! A notícia de saber que a família vai crescer, que o amor de vocês está gerando frutos, que daqui a pouco vou ver a Vivi descabelando. �� E que você será pai... E de menina... Ela será privilegiada. Nascer do ventre de uma mãe forte e determinada e ter os braços de um pai carinhoso, sensível e que enxerga o futuro com amor e esperança. Parabéns meus amigos! Deus abençoe vocês e essa vida que está a caminho e que já tem tanto significado. Nós, como você bem relatou fomos criados em um mundo diferente e hoje podemos extrair o que foi bom para transferir para os nossos filhos e quem sabe um dia eles farão a mesma coisa.
ResponderExcluirO ciclo da vida!
Meus amados!
ExcluirUma honra recebê-los por aqui! Ana vai encontrar um povo porreta aqui mesmo para recebê-la! E acho que ela virá porretinha também!
Beijo do tio Grilo na Lelena!